Sim, afirmações como esta são divulgadas no mercado e as empresas que fazem uso desses termos estão em destaque pois entende-se que estão ”cumprindo seu papel” com o meio ambiente. Mais o que há de errado nesta embalagem? Afinal, ela é 100% biodegradável, fabricada em PE verde e com aditivo oxibiodegradável.
Conceitualmente existem erros graves nesta afirmação e precisamos falar sobre isso!
Tenho visto muitos termos aplicados em anúncios de novos produtos conceitualmente errados na ânsia de fazer parte do universo sustentável.
Que o plástico já foi intitulado vilão nesta história a gente já sabe. Mas como profissional deste mercado, afirmo: é de extrema importância nos posicionarmos e assumirmos o protagonismo difundindo conhecimento.
Tanto se ouve falar nos termos como reciclado, biodegradável, plástico verde, bioplásticos…É um tal de oxi ali..bio aqui…. Mas você sabe o que significa cada um destes termos? Vamos aprender juntos neste artigo a definição de cada um deles.
Pra começar, vamos entender o que são Bioplasticos!
Segundo a European Bioplastics, os bioplásticos são uma grande família composta por diversos materiais com diferentes propriedades e aplicações. Define-se como bioplástico se ele for de base biológica, biodegradável ou ambos.
O termo ‘base biológica‘ significa que o material ou produto é (parcialmente) derivado de biomassa (plantas). A biomassa usada para bioplásticos vem de, por exemplo, milho, cana-de-açúcar ou celulose.
Já o termo biodegradável refere-se à biodegradação que é um processo químico durante o qual os microrganismos disponíveis no ambiente convertem materiais em substâncias naturais, como água, dióxido de carbono, por exemplo, e não são necessários aditivos artificiais. O processo de biodegradação depende das condições específicas para que ocorra, do material e da aplicação.
A propriedade de biodegradação não depende da base de recursos de um material, mas está ligada à sua estrutura química.
Fonte: European Bioplastics.
Agora vamos lá, hora de colocar os ‘’pingos nos i’s”.
O plástico deriva do petróleo, uma fonte não renovável e fóssil. É possível obter este mesmo plástico de outras fontes, como por exemplo, de fonte renovável biológica como a cana-de-açúcar, conhecido no mercado como plástico verde. O que difere destes dois, é apenas a fonte de obtenção, mas quimicamente falando, sua composição e estrutura serão a mesma com as mesmas propriedades. Ambos NÃO são biodegradáveis. Ou seja, o plástico verde é um bioplástico de base biológica e não é biodegradável (figura 1)
Como podemos ver na figura 1 um bioplástico também pode ser de fonte fóssil (como PBAT) ou fonte renovável/base biológica (como PLA) e ser biodegradável. Estes sim, pela ação de microrganismos, sob condições específicas de calor, umidade, luz, oxigênio e nutrientes orgânicos e se decompõem em curto período de tempo.
Os biodegradáveis podem ser compostáveis ou não, mas falaremos sobre isso em outro momento.
E o aditivo oxibiodegradável?
O processo de oxidegradação está associado aos polímeros de origem fóssil com a utilização de aditivos a base de sais metálicos que catalisam a degradação da estrutura química, gerando moléculas de menor massa molecular, não biodegradáveis, e partículas inorgânicas. O processo é ativado pela exposição a fatores como calor, radiação ultravioleta e umidade, reduzindo a resistência e a durabilidade dos materiais plásticos.
Em outras palavras, este aditivo, apenas irá fragmentar o plástico em micro plásticos. Tema este bastante polêmico e podemos discutir também em outro post do nosso Blog.
Fonte: Abiplast
Agora que entendemos os conceitos envolvidos no anúncio sobre a embalagem fabricada em plástico verde + aditivo oxibiodegradável, pergunto: Será que é 100% biodegradável como anunciado? A resposta é NÃO.
Vimos que o plástico verde se trata apenas de um plástico que é obtido de cana-de açúcar ao invés de petróleo e apenas isso. Vimos também que os aditivos oxi degradantes em outras palavras apenas ‘’varrem a poeira pra baixo do tapete’’ e carece de pesquisas e estudos que provem ao contrário (você pode conferir alguns artigos nas referências). Se juntarmos tudo isso ao conceito de biodegradável, chegaremos à conclusão que esta embalagem não tem possibilidade de atender aos requisitos de biodegradação, logo, NÃO pode ser 100% biodegradável.
A Eixo Snetor Brasil tem desenvolvido seus portifólio embasados nestes conceitos e estabelecido parcerias com empresas líderes no mercado Europeu em bioplásticos biodegradáveis.
A BIOTEC, empresa apoiadora da renomada associação European Bioplastics, impulsionadores da evolução dos plásticos e contribuem significativamente para uma sociedade mais sustentável, desenvolve e produz bioplásticos sustentáveis feitos a partir de recursos renováveis de origem vegetal. A linha BIOPLAST é 100% biodegradável. Temos em nosso portifólio também a linha CARBOMAX da CABAMIX que desenvolve masterbath compostável e biodegradável rico em carbonato de cálcio, especialmente desenvolvida para ser utilizada em resinas biodegradávéis para extrusão-filme, termoformagem e injeção, cumprindo os requisitos da norma europeia DIN EN 13432.
Disponível em versões de origem biológica ou mineral, possuem as certificações: OK compost Home, OK compost Industrial ou OK biodegradable Soil, emitidas pela TÜV Austria.
É o complemento essencial para fabricação de sacolas para frutas e vegetais, sacos de lixo orgânico, produtos de uso único, conhecidos como descartáveis, filmes agrícolas ou até mesmo em algumas embalagens para alimentos. Além reduzir os custos nas formulações e melhorar a performance técnica e mecânica do seu produto.
Referências
https://www.european-bioplastics.org/bioplastics/
http://www.plastivida.org.br/index.php/conhecimento/60-plasticos-oxidegradaveis?lang=pt
Louise Ruiz
Analista de Mercado da Eixo Snetor Brasil, Técnica em Plásticos e Tecnóloga em Polímeros formada pelo SENAI Mario Amato (2008-2012) Mestre em Engenharia Mecânica com ênfase em Materiais e Processos: Reciclagem, Modificação e Processamento de Polímeros pela FEI (2016-2018). Vivência na indústria de transformação por extrusão de compostos, resinas tingidas (commodities e engenharia). Experiência em qualidade (SGQ, controle de produto e processo, inspeção e recebimento de matérias-primas, análises e ensaios mecânicos.